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Novo golpe do PIX usa falsa central bancária para roubar dinheiro

 

Recentemente identificamos uma nova tendência nas fraudes bancárias na América Latina – e, mais uma vez, com origem no Brasil. Após a queda dos golpes que redirecionavam transferências via PIX, os criminosos passaram a adotar uma nova variação do esquema conhecido como Mão Fantasma, agora com uma abordagem mais sofisticada: o uso de programas legítimos de acesso remoto em chamadas falsas de suporte bancário.

Como funciona o novo golpe

Desde 2024, a nova modalidade já foi registrada mais de 10 mil vezes no Brasil, sendo 6.667 em 2024 e 3.495 nos primeiros meses de 2025. A diferença é clara: enquanto a fraude anterior envolvia infecção direta do dispositivo, a versão atual ocorre por meio de uma ligação telefônica.

O criminoso, se passando por atendente de uma central bancária, alerta a vítima sobre supostos problemas com o aplicativo ou conta bancária. O objetivo é induzir medo ou urgência, levando a pessoa a seguir orientações sem questionar.

A primeira solicitação é que a vítima instale uma ferramenta de acesso remoto — um programa legítimo, disponível nas lojas oficiais de aplicativos. Como o software não é malicioso por si só, essa etapa costuma passar despercebida.

A “mão invisível” entra em ação

Após a instalação, a vítima é orientada a abrir o aplicativo bancário. Neste momento, o criminoso — já com controle remoto do celular — realiza uma transferência via PIX com valor elevado. A sensação, para quem observa o próprio celular, é de que há uma “mão invisível” agindo, daí o nome da técnica.

O golpe se encerra quando a falsa central solicita a senha para supostamente concluir a atualização ou correção da conta. Quando a vítima percebe que caiu em um golpe, o dinheiro já foi transferido.

Queda do golpe do redirecionamento PIX

A mudança nas táticas está diretamente relacionada à prisão do desenvolvedor do malware usado no antigo golpe do redirecionamento PIX. Esse ataque, que automatizava roubos usando a tecnologia ATS (Automated Transfer System), teve um grande impacto em 2023.

Naquele ano, bloqueamos 2.892 tentativas de ataque com o ATS. Já em 2024, o número caiu para 1.146 e, em 2025, foram apenas 40 registros até abril. Nós identificamos que a prisão do grupo responsável causou uma redução significativa nas atividades criminosas com esse tipo de tecnologia.

Criminosos se adaptam rapidamente

A prisão do grupo relacionado ao golpe por ATS teve um impacto direto na diminuição dos ataques utilizando essa tecnologia. No entanto, o uso indevido de ferramentas RMM tornou-se uma alternativa atraente para fraudadores e os criminosos latinos não perderam tempo em adotar a nova tática. Fraudadores aprendem e adaptam seus métodos rapidamente e é importante que as pessoas e as instituições bancárias fiquem atentas às novas artimanhas para saber se proteger“, afirma Fabio Assolini, diretor da Equipe Global de Pesquisa e Análise da Kaspersky para Américas.

Dados mostram a migração do redirecionamento do PIX para a central falsa desde a prisão do criminoso

Dicas para se proteger

Confira recomendações simples para evitar cair nesse tipo de golpe:

  • Desconfie de ligações de bancos: instituições financeiras não entram em contato solicitando instalação de apps ou dados pessoais.

  • Verifique as solicitações: se tiver dúvidas, desligue a ligação e procure a instituição pelos canais oficiais.

  • Use senhas fortes e exclusivas: com senhas únicas, um possível vazamento não compromete outros serviços.

  • Ative a autenticação de dois fatores: principalmente em apps bancários, e-mails e mensageiros como WhatsApp e Telegram.

  • Tenha uma solução de segurança confiável: ferramentas completas, como o Kaspersky Premium, ajudam a detectar comportamentos suspeitos e bloqueiam acessos indevidos.

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