O malware, que criptografa diferentes tipos de 
arquivos em máquinas Windows, é derivado do CryLocker, que 'sequestra' 
PCs e cobra resgate.
O Spora, ransomware avançado que ganhou fama por um 
período de tempo curto no início deste ano, e até então parecia ter seu 
foco de atuação na Europa e EUA, desembarcou definitivamente no Brasil. O
 malware, que criptografa diferentes tipos de arquivos em máquinas 
Windows — ele é derivado do CryLocker, que 'sequestra' PCs e cobra 
resgate —, não só tem causado dor de cabeça para as empresas afetadas 
como também para os pesquisadores e especialistas em vírus. Muitos 
deles, aliás, o classificam como "o ransomware mais sofisticado de todos
 os tempos".
Descoberto pela primeira vez em 10 de janeiro passado, 
Spora parece ser um Trojan com criptografia de dados, que começou a se 
comunicar com suas vítimas apenas no idioma russo. No entanto, após 
vários meses de ataques, já se disseminou por toda web. Trata-se de um 
programa mal-intencionado bastante complexo, que usa um algoritmo de 
criptografia de dados totalmente diferente e que parece ser imune a 
ferramentas de remoção.
De acordo com especialistas em segurança, o Spora é capaz 
de atacar 23 extensões de arquivo, sendo as mais conhecidas a xls, xlsx,
 doc, docx, rtf, CDR, mdb, pdf, jpg, jpeg, TIFF, zip e rar. Arquivos com
 essas extensões são protegidos usando uma chave de criptografia longa 
(a chave pública), mas, após ser “quebrada” pelo ransomware, a chave 
privada é enviada para servidores remotos de criminosos e fica lá até 
que a vítima se comprometa a pagar um resgate. Instruções sobre como 
transferir o pagamento são fornecidas na nota de resgate.
De acordo com o consultor em segurança Paulo Brito, 
diretor presidente da Pentest, empresa especializada em auditoria de 
aplicações web e na formação de especialistas em segurança, os criadores
 do Spora demonstram excelentes habilidades de programação. Além do 
mais, o atendimento ao hacker/usuário surpreende até mesmo os mais 
experientes especialistas de segurança.
O consultor explica que o Spora é disseminado através de 
campanhas de e-mail malicioso, com anexos de arquivos com 
extensão HTA. “Esses arquivos têm extensões duplas, por exemplo, PDF.HTA e a extensão real que está oculta como.doc,
 por exemplo. Vale lembrar que a extensão de 
arquivoHTA é o formato de arquivo executável do HTML. Então,quando a vítima abre o
 arquivo HTA, este abre um arquivo.docx, que mostra uma mensagem de erro dizendo que oarquivo não pode ser aberto”, explica Brito.
O site de pagamento de resgate do Spora também é bastante 
sofisticado e fornece uma variedade de opções para a vítima — uma para 
remover o ransomware, outra para restaurar arquivos e até mesmo uma para
 ostensiva imunidade a ataques do ransomware. Normalmente, são pedidas 
pequenas quantias, que variam de US$ 80 a US$ 500. Mas os hackers podem 
pedir resgates maiores, dependendo do porte da vítima. O pagamento é 
aceito somente em moeda digital (bitcoin). O site também tem uma janela 
de comunicação pública, uma tabela de transações já realizadas e outros 
detalhes, com uma interface muito amigável.