O mercado de tablets de telas de 7 polegadas é o mais promíscuo hoje no Brasil: tem ofertas vagabundas baratas, na faixa dos R$ 300-R$ 400, buscando atingir o mítico “comprador do primeiro tablet”, que vai encontrar um produto xing-ling à altura do preço baixo e desistir na primeira travada dos 256 MB de RAM com Android 2.x/3.x. É o famoso “quando é muito barato o santo desconfia”.
Mas essa categoria de tablets inclui produtos mais caros (e melhores) na faixa dos R$ 600-R$ 1.100, como o Asus MeMo Pad e o Acer Iconia B1. Some à lista os diversos tamanhos, preços e sabores da Samsung (Galaxy Tab 7, 7.7, Note 8) e temos um bom cenário oficial em tablets Android.
No topo dessa cadeia de valor encontramos dois produtos da Asus: o Fonepad (preço sugerido: R$ 1.099) e o mítico Nexus 7 (que acabou em oferta no varejo online). Definitivamente, o consumidor interessado nesse tipo de produto deve investir mais, para melhor qualidade/desempenho/felicidade geral.
Dá pra falar que o Fonepad é uma boa evolução do Nexus 7 (ambos Asus, afinal). À primeira vista, são produtos bem parecidos (começando pela tela HD IPS de 7″), porém o Fonepad tem câmera traseira (ainda que de 3 megapixels apenas), entrada para cartões de memória e funciona como telefone.
O Fonepad usa um chip Intel Atom Z2420 (codinome “Lexington“) de 1,2 GHz (single-core com Hyper-Threading). É o primeiro tablet Android a vir com um chip Intel a ser lançado por aqui (o mundo dos smartphones com Intel Inside segue solitário com o Motorola RAZR i). Seu nome Fonepad se deve ao fato de ele ter funções de telefonia, além da conectividade 3G/HSPA+ (nada de 4G por enquanto). Não confundir o produto com o Asus PadFone, que também roda Android, mas é um híbrido de tablet e smartphone e que não é vendido por aqui.
E tanto Fonepad quanto MeMo Pad representam uma nova fase nos tablets da Asus. A fabricante taiwanesa ficou famosa nessa área por seus incríveis Transformer, tablets Android com teclado destacável. A experiência foi para o mundo Windows e os Androids agora têm telas menores e são mais voltados ao consumo de mídia e entretenimento do que produtividade (vale lembrar que a HP anunciou um tablet Android bastante inspirado nos Transformer).
De frente, o design do Fonepad segue o do Nexus, com a linda tela IPS. Atrás, sai o plástico-com-furinhos e entra um acabamento metálico que passa uma sensação de solidez e durabilidade. Essa versão que recebi para testes é na cor cinza-titânio – tem também uma versão champagne, mais clara.
A câmera de 3 megapixels está ali, solitária, logo abaixo da tampa mais escura que guarda o SIM card e o cartão microSD e ao lado do botão de liga-desliga e controle de volume. Testes com a câmera? Não… o bom-senso diz pra não fotografar com tablet, né?
Abaixo, o conector microUSB para recarregar a bateria e um plug 3,5 mm para headset/fone de ouvido. O Fonepad não vem com um headset na caixa – somente o tablet e a fonte/cabo USB. Na base do produto também está um alto-falante.
Ao remover a tampa traseira (que é chata de encaixar de volta), vemos os slots para o microSIM da operadora e o cartão microSD (opcional). O Fonepad tem 16 GB de armazenamento interno e acesso ao serviço Asus WebStorage para armazenamento ilimitado na nuvem.
O sistema operacional utilizado no Asus Fonepad é o Android 4.1 “Jelly Bean” com poucas modificações feitas pela Asus. A primeira é a barra de notificações, com acesso rápido a configurações do sistema. O produto, pelo menos nessa primeira fase, parece de muita importância para a Asus: durante o período de testes (peguei o Fonepad no dia da coletiva, um mês atrás), o tablet recebeu três atualizações de firmware automáticas para melhoria e ajustes de desempenho.
Mesmo os aplicativos feitos pela Asus são um ótimo adicional ao produto, como o Asus Splendid (controle de cores na tela), AudioWizard (som), o Backup do Aplicativo (que salva seus apps para transferir para outro tablet Asus), a galeria de imagens/editor de fotos/media player Asus Studio e o sensacional App Locker, uma ideia simples e que nunca vi em outros tablets/sistemas operacionais: proteção por senha para abrir qualquer aplicativo ou pasta do sistema operacional.
Em resumo, você define uma senha e escolhe o que quer proteger.
Ao tentar abrir o app, o App Locker vai pedir a senha. Num teste com o Facebook, o programa ainda travou as notificações da rede social, mas não as mensagens enviadas (que aparecem na barra de notificações).
Além disso, os aplicativos bloqueados pelo App Locker aparecem com um cadeado. Gostei da ideia – mais pra proteger dados de dedos de sobrinhos doidos por Angry Birds e que adoram apagar apps do seu tablet do que por paranoia de segurança (mas esse também é um bom ponto de vista).
A única coisa da interface da Asus que eu não gostei no FonePad foram as múltiplas telas. Eu não gosto de múltiplas telas e o Fonepad não deixa manter apenas uma (dá para apagar apenas telas adicionais, mas não as já existentes). Veja que o ícone para Remover nem aparece.
Sob testes
No uso diário, o Fonepad superou as minhas expectativas. O processador Intel Atom é razoavelmente veloz (não percebi lentidão ou travamento de sistema em nenhum momento), embora deixe a desejar no processamento de vídeo – o resultado no 3DMark foi “bom, mas existem outros modelos mais poderosos no mercado” e o game Temple Run 2 não deve ser jogado no modo de gráficos com maior qualidade (aí sim a lentidão aparece ao carregar os cenários, só pra citar um exemplo).Como ocorreu com o Motorola RAZR i, não encontrei incompatibilidade de aplicativos com o processador X86 da Intel. O único grande bug relacionado a software ocorreu no benchmark Vellamo, que não conseguiu completar um dos processos de testes HTML5 (travou no Aquarium Canvas, que precisou ser removido para terminar o processo).
Os resultados dos benchmarks são bem parecidos com os do RAZR i:
- Vellamo (novo): 1.323 pontos (HTML 5 limitado, sem processo Aquarium Canvas) / 457 pontos (metal)
- Vellamo (antigo): não rodou (Aquarium Canvas também travou)
- Quadrant Standard Edition (desempenho geral): 2.258 pontos
- Antutu Benchmark (desempenho geral): 9.264 pontos
- Nenamark 1 (vídeo): 59,2 quadros por segundo
- Nenamark 2 (vídeo): 38,8 quadros por segundo
- 3DMark Ice Storm: 2.236 pontos
- 3DMark Ice Storm Extreme: 1.147 pontos
Nagano comenta: Conversando com o Henrique sobre esse dilema (ou seria papelão?) de colocar um tablet na orelha para atender uma ligação, me veio a mente um curioso gadget que vi no Amazon.com.No mundo dos smartphones, o único com uma bateria tão grande em capacidade é o Motorola RAZR MAXX.
Trata-se do iKross Bluetooth Wireless Folding Handsfree Speaker Phone — uma caixa de som bluetooth portátil auto amplificada para reproduzir músicas mas que também pode ser usada como handset de telefone:
A grande sacada neste caso está no seu design, já que pode ser dobrado no meio como um telefone de flip e possui até controles específicos para atender e finalizar uma ligação. Assim o usuário do Fonepad pode atender o telefone com essa caixinha sem precisar expor seu tablet. Sua fonte de energia é uma bateria interna que pode ser recarregada via porta USB.
A única desvantagem que vi nele é que não tem teclado numérico de modo que não podemos discar dele. Mas cá entre nós, por US$ 18 não podemos querer tudo, né?
A bateria do Fonepad tem capacidade de 4.270 mAH, mais que o dobro de um smartphone convencional. Em um dia de uso intenso (3G, GPS, e-mail, ligações, Twitter, Foursquare, Facebook, Internet, SMS, câmera), a bateria levou 31 horas para atingir o nível de 27%, mais de um dia de duração, sem estar com o modo de economia de energia ativado. Ainda no hardware, o alcance do Wi-Fi é fraco e, caso não consiga se conectar à rede, sugere automaticamente trocar para o 3G.
Se não fosse a questão do tamanho, eu adotaria um Fonepad como smartphone principal sem a menor sombra de dúvida. É um bom tablet, com bom desempenho, tela incrível e a duração de bateria monstruosa, com uma excelente relação custo-benefício.
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