Por Carlos Guimarães (texto e fotos)
Pioneiro e futuro clássico, o Chevrolet Volt (US$ 39.145 nos EUA, ou cerca de R$ 80 mil) foi o modelo mais irreverente que dirigi nos últimos 15 anos. Pena que não é vendido no Brasil. Na correria cotidiana, acabei tendo que ir até Atibaia (SP), cidade a 67 quilômetros da capital paulista, para participar de um evento. Antes de partir, durante aproximadamente seis horas, o Volt ficou plugado numa tomada trifásica, de 110 Volts, da garagem da editora, para recarregar as baterias de ions de lítio. Foi o suficiente apenas para rodar 35 quilômetros sem gastar uma gota de gasolina. Depois disso, no meio da escuridão e dos caminhões da Rodovia Fernão Dias, entrou em ação o motor 1.4, a combustão, para fornecer energia para os motores elétricos que movem as rodas.
De qualquer maneira, a principal vantagem do Volt durante os dois dias que fiquei com o carro foi a economia. Rodei mais de 150 quilômetros sem gastar um centavo, já que o tanque de 35 litros ainda tinha ¾ de combustível (gasolina de boa qualidade, de preferência premium, já que ficará por um bom tempo no tanque e pode se deteriorar). É quase imperceptível quando entra em ação o motor a combustão, percebido apenas por um discreto ronco agudo. O Volt é um carro bastante sofisticado, mas ainda tem muito no que evoluir. Um dos pontos mais importantes a serem revistos é o peso total, de 1.800 kg, sendo 200 kg apenas de baterias. Isso acaba influindo na eficiência do carro tanto no que se refere à autonomia quanto ao comportamento dinâmico.Em um carro apenas elétrico, sem o gerador de 85 cv do Volt, não poderia ter a ousadia de fazer uma viagem dessas. Se arriscasse, certamente teria que parar em algum posto, restaurante, lanchonete, ou algo do gênero em busca de uma tomada elétrica. Embora ainda não tenha infraestrutura para os carros elétricos, o Brasil tem (ironicamente) uma vantagem: como quase não existem modelos no gênero no país, provavelmente, ninguém cobrará nada pelo tempo que usar uma tomada emprestada, ao contrário do que acontece em outros países. Pelo menos no hotel em que fiquei hospedado, cederam gentilmente a única tomada que tinha na garagem, por mais de 15 horas, o suficiente para ter 56 quilômetros de autonomia apenas no modo elétrico.
Nas curvas fechadas da Fernão Dias, sem freio motor, a boa transferência de peso de um lado para o outro, obrigava os pneus cantarem algumas vezes, deixando o controle de estabilidade em alerta. Nas descidas, a tela no meio do painel mostrava que o calor dos freios estava se transformando em energia para alimentar as baterias, mas esse processo teve uma diferença desprezível na autonomia, pelo menos pelo monitoramento do computador de bordo. Em um trecho mais livre, resolvo pisar um pouco mais forte no acelerador. Esperava uma reação um pouco mais emocionante do que tive quando acelerei pela primeira vez um carrinho de bate-bate. Mas acabei me frustrando. Pelos dados da fabricante, o Volt faz de 0 a 100 km/h em razoáveis 9 segundos. Numa pista fechada, o carro chegaria no máximo a 161 km/h, ainda de acordo com a GM.
Com câmbio CVT, o Volt mostra que foi feito mesmo para circular sem pressa em trechos urbanos, jogar nem uma grama de poluição no ar. Sempre silencioso, chega a ser até uma certa ameaça para os pedestres que não percebem sua aproximação, outro ponto que precisa ser corrigido numa segunda geração do carro, que já está sendo desenvolvida. Entre outras melhorias, terá um motor a combustão menor, provavelmente de três cilindros, além de baterias mais eficientes e, além disso, um preço final relativamente menor. Mesmo assim, segundo a GM, todos os Volts vendidos desde o fim de 2010 ajudaram a economizar 2,13 milhões de galões de gasolina, quantidade equivalente a US$ 8 milhões
Apesar dos 4,50 metros de comprimento por 1,79 metros de largura e entreeixos de 2,69 metros, o Volt não é dos mais espaçosos. Quatro adultos viajam com certo conforto a bordo, contanto que os que forem nos bancos de trás não passem muito dos 1,75 metros de altura. O porta-malas também é ideal apenas para levar pouca bagagem, com seus 300 litros de capacidade. Interessante é que o sistema de som é de alta fidelidade, da famosa marca Bose. Mas os comandos no painel ainda são um pouco confusos, merecendo uma versão mais prática na segunda geração.
De volta à garagem da editora, com uma vaga reservada próximo da tomada, estacionei o Volt com uma sensação boa. Pela questão ecológica e pela alta economia por quilômetro rodado. Os dados oficiais mostram que a procura por modelos elétricos mais do que dobrou em 2012 em relação ao ano anterior. Além disso, a estimativa é de que a demanda cresça em torno de 89% em 2013. Os Estados Unidos continuam sendo o principal mercado de carros elétricos no mundo, com 46% do total vendido. Em seguida, estão os países da Europa, com 23%. Quem sabe, um dia, o Brasil pelo menos apareça nessa estatística.
Ficha técnica
Preço : US$ 39.145 nos EUA
Motor: Elétrico, com gerador a combustão, de 1.4 litro de cilindrada
Potência (cv): 150 (elétrico) / 85 (combustão)
Torque (kgfm): 37,6 kgfm (elétrico)
Transmissão: Automático, CVT, tração dianteira
Dimensões (m): 4,50 (comprimento), 1,79 (largura), 1,43 (altura), 2,69 (entreeixos)
Peso (kg): 1.800
0 a 100 km/h: 9 s
Velocidade máxima: 161 km/h
Motor: Elétrico, com gerador a combustão, de 1.4 litro de cilindrada
Potência (cv): 150 (elétrico) / 85 (combustão)
Torque (kgfm): 37,6 kgfm (elétrico)
Transmissão: Automático, CVT, tração dianteira
Dimensões (m): 4,50 (comprimento), 1,79 (largura), 1,43 (altura), 2,69 (entreeixos)
Peso (kg): 1.800
0 a 100 km/h: 9 s
Velocidade máxima: 161 km/h
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