Review: Asus AT3N7A-I (Atom dual core com Ion!)
Já faz algum tempo que estava atrás de algum equipamento baseado na plataforma Ion da NVidia e — como dizem os nossos chapas do Gizmodo Brasil — finalmente consegui botar minhas mãos imundas numa ASUS AT3N7A-I. É uma placa-mãe mini-ITX que pode ser um interessante ponto de partida para a montagem de um PC compacto para uso geral ou até mesmo um Media PC transado para marcar presença no seu home theatre.
Apesar de a Nvidia afirmar que não faltam chipsets Ion no mercado, a oferta de produtos baseados nessa plataforma ainda é rara no mercado e disponível em pequenas quantidades. O que temos visto é que os primeiros lançamentos têm sido de fabricantes pequenos que desviam do radarzinho de Santa Clara ou de empresas grandes o suficiente para resistir às ofertas de vendas casadas (processadores Atom com chipset incluso) por preços super camaradas. Entre elas estão a Zotac e a ASUS, que fabrica a AT3N7A-I – um produto que, por sinal, nem consta do catálogo do site americano na empresa (fui encontrar informações dela no site da Inglaterra).
Ocupando um quadrado de apenas 17 cm de lado, a AT3N7A-I segue o padrão Mini-ITX, desenvolvidopela VIA Technologies e que aos poucos é adotado por outros big players do mercado, incluindo a própria Intel, como a linha Essential Series D945GCLF montada aqui no Brasil pela Digitron.
Se de um lado a placa da Intel é voltada para a montagem de PCs simples e baratos, o modelo da ASUS atrai um público bem mais maduro e sofisticado, em especial entusiastas que procuram por uma plataforma diferenciada que ofereça uma boa relação entre desempenho gráfico e consumo de energia.
Na minha opinião, um dos grandes atrativos desse produto é sua compatibilidade com atuais os padrões do mercado, ou seja, nada de conectores exóticos, fontes customizadas ou gabinetes com furação estranha que você só vai encontrar (literalmente) na China. Ela se comporta como qualquer placa-mãe mainstream do mercado, podendo ser instalada em qualquer gabinete padrão ATX do mercado.
Seu painel traseiro aproveita ao máximo o espaço disponível, ofecendo (à partir da esquerda) uma porta PS/2 para teclado, duas USB 2.0, HDMI, SVGA, SPDIF, mais seis USB 2.0, eSATA, bluetooth (uia!), rede Gigabit Ethernet (Realtek RTL8112L) e som (VIA VT 1708s) de 7.1 canais. Ainda existe uma conexão interna para mais duas portas USB 2.0 e de som, provavelmente para ser usada em conexões frontais do computador.
O que mais me chamou a atenção neste departamento foi sua interface Bluetooth que — na primeira vez — pensei se tratar de um dongle USB (eba!), mas o dito cujo não pode ser removido (boo!). Eu acho que essa solução é até mais interessante do que, por exemplo, uma porta Wi-Fi integrada. Isso porque o Bluteooth pode se comunicar facilmente com outros dispositivos de entrada e saída como controles remoto, mouses, teclados e até mesmo fones de ouvido. Fora isso ele poderia baixar informações e conteúdo de outros dispositivos móveis como fotos de um celular, vídeos e músicas de um PC etc. As possibilidades são infinitas.
Outra vantagem desse modelo é a presença de dois slots para pentes de memória DIMM DDR2 de 667/800 Mhz com suporte para dual channel, algo incomum nesse tipo de placa. Na imagem abaixo podemos ver outros recursos interessantes, como as três portas SATA 300, o conector da fonte de 24 pinos e até duas saídas de alimentação para ventiladores do gabinete. Nada mal para uma plaquina do seu porte.
No canto esquerdo podemos ver seu único slot PCI que pode ser usado para adicionar mais algum recurso ao projeto de montagem como mais uma placa de rede Ethernet ou Wi-Fi, mais portas de disco IDE ou SATA ou até mesmo uma placa de captura de vídeo ou recepção de TV.
No canto inferior esquerdo podemos ver o LED verde que avisa que a placa está energizada, ao lado dos dois únicos jumpers da placa: o de cima limpa a CMOS e o de baixo abriga a entrada do sensor de invasão do gabinete. Também podemos ver as conexões do painel frontal que se resume ao essencial: botões de liga/desliga e Reset e os LEDs de liga e de acesso ao disco rígido.
Obviamente, toda essa parafernália eletrônica serve apenas para dar apoio aos dois principais componentes da placa-mãe, que são o processador Atom 330 dual core de 1,6 GHz e seu chipsetNvidia Ion montados sob um grande cooler de alumínio e resfriado por uma ventoinha cujo som lembra muito uma dor de dente: leve e constante ela não vai te matar, mas pode te deixar doido se ficar invocado com ela.
Em termos simples, o Atom 330 é representado por dois processadores Atom N230 “Diamondville” de 1,6 GHz e 512 KB de cache L2 montados lado a lado no mesmo encapsulamento. É um tipo de solução dual core já usada pela Intel em outros produtos da casa como o Pentium D e os Core 2 Quad. O curioso é que, como o núcleo Diamondville tem suporte para Hyper-Threading, ele se comporta como um processador de quatro núcleos. Se pensar um pouco, de um certo modo o Atom 330 é o menor e mais barato x86 quadcore da praça.
Já o Nvidia Ion é uma notável pastilha de silício baseada no chipset GeForce 9300 mGPU que oferece suporte para DirectX 10, resoluções de até 1.920 x 1.440 pixels a 75 Hz no modo RGB ou 1.920 x 1.200 a 60 Hz no modo HDMI. Fora isso, a plataforma Ion é compatível com a tecnologia CUDA e PhysX.
Apesar de não ser um processador necessariamente veloz, o Atom 330, com seus dois núcleos físicos e dois núcleos “lógicos”, consegue ser um chip particularmente ligeiro, principalmente quando o quesito é tempo de resposta em aplicações multitarefa, mas isso não deve ser confundido com capacidade de processamento pesado onde a CPU pode passar muito tempo ocupada devorando grande massas de dados, passando a impressão que o programa está lento.
E é ai que entra em cena a tecnologia GPGPU (General Purpose graphics processing unit) que utiliza a GPU do Ion como um co-processador paralelo de uso geral, o que pode acelerar dramaticamente o desempenho de alguns tipos de aplicações. E mesmo não estando no mesmo nível das monstruosas GPUs topo de linha da NVidia, o potencial de processamento dos 16 núcleos do Ion podem ser numa solução muuuito interessante em termos de devorar números ajudando assim em um dos pontos mais sensíveis do Atom.
O potencial dessa tecnologia é tão interessante que andou até abalando o relacionamento entre o pessoal de azul e de verde de Santa Clara, já que estes últimos andam dizendo — para o desprazer do pessoal de azul — que com uma boa placa gráfica você nem precisa de um processador obscenamente veloz para ser feliz na vida.
Essa história ficou ainda mais quente quando o pessoal de azul deu o troco anunciando uma nova microarquitetura de CPUs many-core de codinome engraçado — Larrabee — cuja primeira incarnação será exatamente uma placa gráfica cujo modelo de programação promete um mundo cor-de-rosa para os desenvolvedores de software, o que deixou o pessoal de verde com a pulga atrás da orelha. Mas enquanto isso não acontece, o pessoal de verde recebeu um supreendente apoio do pessoal de Redmond que incorporou a tecnologia DirectCompute no Windows 7, que tira proveito do GPGPU para acelerar seu novo sistema operacional.
O interessante é que desse casamento “profano” do Atom 330 com o Ion é possível fazer coisas notáveis (para nã0 dizer de saltar os olhos) para uma plaquinha de apenas 17 cm de lado. A grande sacada nesse caso está na maneira elegante com que esses dois componentes conseguem se interagir e trabalhar juntos tirando o máximo proveito dos recursos disponíveis. O curioso é que quando trabalhando isoladamente, o resultado final em si não chama tanto a atenção tanto.
Veremos isso em alguns testes abaixo.
Sob testes:
Como é padrão aqui na Zumocaverna, instalei dois pentes de 1 GB de SDRAM DDR2 800 em cada slot, liguei um disco Western Digitak Caviar de 7.200 rpm SATA 300 e um gravador de DVD via porta USB. Ao contrário do que a Intel recomenda, instalei o Windows Vista Ultimate de 32 bits que funcionou sem problemas. Vale a pena observar que, para essa placa, a ASUS oferece suporte e drivers para Windows XP e o novo Windows 7.
Depois de concluir a instalação e instalar os drivers a primeira coisa que fui ver era o notório índice de experiência do Windows e depois do refresh o resultado foi esse:
Epa!!! o que pude entender aqui é que o Vista se estranhou com o Ion (ou pelo menos com minha instalação). De qualquer modo, o desempenho do AT3N7A-I ficou dentro do esperado.
Com relação aos outros resultados, a placa com Ion obteve 38 pontos no Sysmark 2007 Preview 1.05,1.656 pontos no PCMark Vantage e 2.493 pontos no 3DMark vantage (modo Entry). No PCMark 2005,o Ion bateu 2.513 pontos e no 3DMark 2006 1.400 pontos.
No AutoGK 2.45 o AT3N7A-I levou aproximadamente 4h53m46s para transformar um filme em DVD para um arquivo AVI de 700 MB. O processo oposto (criar uma imagem de DVD a partir de três arquivos de vídeo) feito com o DVDFlick 1.3.0.6 foi de8h3m4s utilizando um thread e 4h38m4os com quatro threads. O consumo de energia (sem contar o monitor) ficou em torno de 52,7 watts parado (idle), alcançando picos de até 55 watts reproduzindo vídeo em Full HD.
Ah sim, o teste do SuperPi do David Lopes:
Só de farra, rodamos o TimeDemo do Crysis para ver o que a GPU do Ion era capaz de fazer. Nos testes de GPU Benchmark, a média foi de 14,3 qps com picos de até 24,7 qps e nos testes de CPU Benchmark a média foi de 13,2 qps com picos de até 18,4 qps.
Nos testes com o HDxPRT da Intel que mede a experiência de uso em alta definição, dois resultados interessantes: 34 pontos para a criacão de conteúdo HD e 4,5 estrelas para reprodução de conteúdo HD.
Ainda fiz um teste de reprodução de vídeo no Windows Vista com um arquivo de vídeo em Full HD/1080p e h.264 com os codecs CCCP e Core AVC Pro. Mesmo assim, note a sobrecarga em um dos threads dos processadores e a total dessincronização do som e do vídeo (uma boa referência e a legenda estilo Karaokê que aparece no topo da tela).
O que tudo isso me mostrou? Que como um PC de uso geral executando tarefas do dia a dia e que não tiram recursos da tecnologia GPGPU, o AT3N7A-I se comportou como qualquer computador/netbook com processador Atom. Como dissemos acima, ele pode ser ágil nas respostas e nos cliques do mouse, mas não exatamente potente o que pode ser notado nas aplicações que demandem grande capacidade de processamento como os conversores de vídeo. Mesmp assim seu desempenho gráfico — apesar de não der matador — é bem superior ao do oferecido pela solução da Intel que, por sinal nem roda Windows Vista, muito menos o Ultimate (nosso caso).
Como achei esses resultados — em especial os de vídeo — meio estranhos, eu procurei Richard Cameron, Territory Manager da Nvidia no Brasil para trocar algumas idéias e ele me explicou que esses resultados eram meio previsíveis já que no seu modo nativo o Vista não tira proveito dos recursos de GPGPU oferecidos pelo Ion.
Assim, ele me sugeriu que experimentasse fazer os testes com o Windows 7 que já oferece nativamente alguns recursos de aceleração via DirectCompute — incluindo a decodificação de vídeo em h.264. Segui o seu conselho e refiz a instalação do sistema com o Windows 7 Ultimate e não instalei os codecs de vídeo. A diferença de fato foi gritante:
Também dei uma olhada no novo indice de experiência do Windows 7. Aqui também números mais favoráveis para o Ion. De fato os recursos de processamento gráfico ganharam mais importância e até superaram em relevância o próprio processador:
Depois de tudo isso o que pensar da AT3N7A-I? Por ser um produto que ainda não está disponível no Brasil não podemos ter uma relação precisa de custo x benefício. Mas se levarmos em consideração de que ela pode ser encontrada (quando encontrada) na faixa dos US$ 159, a placa chegaria por aqui (importada) na faixa dos R$ 500 ~ R$ 600, quase o dobro dos R$ 250 cobrado pela PC Ware IPLXLP-MB que está sendo montada no Brasil, porém sem o suporte para gráficos e outros mimos como Bluetooth, dual channel ou Gigabit Ethernet etc.
No geral, fiquei muito impressionado com a plataforma Ion, em especial do seu comportamento com o futuro Windows 7. Respeitando-se as limitações do Atom 330, é possivel construir um PC para uso geral e de baixo consumo e que deixa muito netbook no chinelo.
E com relação ao futuro? O suporte da Microsoft via Windows 7 é uma notícia muito bem vinda tanto para a Nvidia quanto para o Ion, mas o seu futuro dependerá muito da oferta de produtos baseados na tecnologia CUDA e/ou OpenCL. Se essa tecnologia prosperar, a Nvidia irá junto com ela, caso contrário ainda restará uma bela plataforma para entrenimento e media center.
De um certo modo a Intel não está dormindo no ponto e a resposta para o Ion pode estar nos novos processadores Atom N450 (codinome Pineview) que virão com gráficos integrados e gerenciador de memória no mesmo encapsulamento do processador. Isso que pode dar um salto no desempenho do chip, ao mesmo tempo que se livra de vez do chipset Intel 945 que, de um certo modo, tem comprometido a imagem do próprio Atom, já que o próprio Ion é uma amostra cabal do que é possível fazer com o Atom quando apoiado por um chipset mais moderno e sofisticado.
Pena que ele ainda seja tão difícil de encontrar no mercado. De qualquer modo algumas fontes já me afirmaram que o primeiro lote de mil placas baseadas no Ion já foram montadas no Brasil pela Phitronics e devem chegar ao mercado em breve na forma de um pequeno desktop/nettop. No exterior, tanto a Lenovo quanto a HP já anunciaram netbooks também baseados em Ion.
Quem viver, verá.
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