A associação Pata D'Açúcar seleciona e resgata cães abandonados, com o objetivo de cuidar, treinar, prepará-los e cedê-los a pessoas com diabetes. Os animais podem ser um aliado importante no controlo e vigilância das glicémias.
Um desafio lançado por uma pessoa com diabetes a um treinador profissional de cães culminou na Pata D'Açúcar, uma associação que resgata cães abandonados e cede-os, gratuitamente, a uma pessoa com diabetes Tipo 1 - a uma família.
Segundo Sónia Costa, ao Expresso, "a associação faz duas coisas muito importantes: tira animais dos abrigos e ajuda a família a estar mais descansada perante a diabetes".
No final de cada ano, o Departamento de Formação e Treino da associação, juntamente com o Departamento Veterinário, deslocam-se a abrigos para animais abandonados e conduzem à comunidade canina um conjunto de 12 testes específicos.
Num processo de seleção que vai além da raça, o objetivo é obter indicadores de caráter, motivação e foco, a par da necessária condição sanitária.
De acordo com a associação, no seu site oficial, devem ser observador resultados de 100% de aptidão em todos os parâmetros.
Cães ajudam a detetar e alertar sobre hipoglicemias e hiperglicemias
Após os testes e a avaliação médica, "o cão vai para a família para criar laços, entrar na rotina e, depois, começam os treinos", contou Liliana Saraiva, membro da direção da Pata d'Açúcar e provedora do sócio, ao mesmo órgão de comunicação.
Com o bem-estar animal em mente, e com o trabalho de socialização e ambientação iniciado, a associação conduz, aos poucos, o trabalho de deteção olfativa, que culmina na deteção olfativa aplicada.
Por via de amostras de saliva e suor, os cães são treinados para identificar hipoglicemias nos seus tutores. O animal aprende a reconhecer o odor libertado quando os níveis de açúcar descem para valores próximos de 90mg/dl - um valor baixo, mas que permite agir e evitar uma hipoglicemia grave - e é incentivado, com biscoitos, a fazer o alerta.
Os cães de alerta médica conseguem, também, identificar hiperglicemias - valores altos de açúcar no sangue.
Segundo a associação, os cães são progressivamente expostos a pessoas com diabetes, de modo a poderem, de forma gradual, fazer a ligação do seu treino ao contexto real.
Depois de concluído o processo de formação, é celebrado um contrato de tutela entre a associação e o tutor, sendo atribuída a este a responsabilidade dos cuidados do animal.
O cão é sempre da Pata d'Açúcar, o paciente é tutor. A família tem de se comprometer que vai tratar bem do cão.
Explicou Liliana Saraiva, ao órgão de comunicação, que conta que, nos últimos nove anos, foram entregues 26 cães de alerta médico a tutores com diabetes tipo 1 e, atualmente, a associação tem três cachorros em treino.
Entretanto, o Expresso cita um estudo de 2019, que verificou que, em média, os cães identificaram 83% dos episódios de hipoglicemia dos tutores e 67% de hiperglicemia (mesmo sem treino específico).
No entanto, alguns animais registaram valores abaixo da média, uma situação que, segundo os investigadores, poderá estar relacionadas com o ambiente em que operam.
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